Olhar inocente

Até que ponto o ser humano pode chegar por conveniência? Pergunto-me se seus atos ainda matem você ser humano.

Quem rouba os sonhos dos outros ou quem destrói um belo vaso para se alimentar dos cacos pode ser considerado ainda assim humano?

Como é difícil olhar pra você sem me arrepender de ter piscado em sua direção, de ter pensado em oferecer a mão ao ser que come os “cacos”, mastiga todos pedacinhos com intrigas secas, recolhe as flores para deixar espinhos firmes sem amortecer a a queda.

Quem fala demais e é totalmente cheio de tons, bipolar ou cheio de vírgulas já poderia ser detectado como um grande destruidor de vasos.

Você é assim tão morte, assim forte pelos braços dos outros, assim aproveitador de sombras da árvore que você não plantou.

Onde está sua árvore? –um dia de perguntei. Você riu achando que não era necessário, mas assim que teve fome veio comer os frutos da minha, ofereci até fiquei feliz por ter companhia, mas você só queria matar a fome.

Eu tola feliz e satisfeita por ter frutos pra você também, na época de verão você sempre sumia e saia por todos os lugares. Eu só ouvia notícias pelos passarinhos e raposas. Ao voltar faminta, não me dizia um “olá!” e da sua boca nunca saiu um obrigada na hora exata de forma alta e reconhecida como as reclamações e tanta avareza que te consumia muito além do tempo.

Hoje ao presenciar o estrago de suas garras e te ver engasgada com esse veneno enjoativo de bajulação para os que convêm, então eu preciso te falar: Você fala demais, come demais, reclama demais, você é como um fantoche, um boneco de trapo que nunca foi costurado com cetim.

Suas mentiras longas têm um cheiro nojento e enjoado de orgulho e insensatez.

Todos os seus “Causos” da pra sacar sua natureza antes do fim.

Menina, o cabelo fica branco.

A dignidade é cara.

Aparecem rugas, o corpo com tempo ficará mais destruído que sua imagem que você insiste em embaçar nesse espelho que só você acredita.

Essa sua sagacidade não existe.

Você não tem força, sempre tem um degrau humano para você subir antes dele virar comida.

Cresça!

Esqueça os caminhos que te trouxeram a mim.

Quando pensar em voltar, lembre que minha fonte comunitária fechou.

O que eu faço com esse baú de sentimentos e pensamentos a seu respeito? Merda.

Adubo, peneiro, planto e quando a árvore estiver grande e viva você pode ser mais do que um ser humano faminto por cacos.

Por hoje te peço para fechar os olhos e só abrir quando forem para enxergar a verdade, não para cegar os outros e quanto a boca faminta por cacos eu te sugiro espadas.

 Lully Piva

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